21 julho, 2008

Vou subjugar o amor

O amor foge de mim. Onde eu permaneço, nesse lugar ele não está. Onde eu vou, ele sabe e sai de lá. Eu e o amor somos como imensos ímãs, só que de polos iguais.

Mas, insconsciente, quando foge, ele deixa um rastro de migalhas, assim como João (da história de João e Maria). Exceto que as migalhas não são de pão - são fragmentos dele próprio, pequenos pedaços de si jogados ao léu. Fugindo de mim o amor se desfaz.

Acontece que eu sigo essas migalhas. Coleciono os pedaços do Amor (que no final das contas são pedaços de todos nós). Eu aproveito onde ele não está e vou juntando, pouco a pouco, um a um, os fragmentos que tenho. Eu aproveito onde Ele não está e recomponho o Amor.

Exceto que...o dia vai chegar em que o único fragmento que restar vai ser o ser ambulante e tímido que insiste em fugir de mim. O amor só terá um fragmento de si mesmo (talvez o coração que pulsa no pequeno corpo); eu terei os outros, todos os outros.

As migalhas, independente de que material derivam (de pão ou de sentimentos) são nada. Uma migalha de pão é um nada de pão. Digo isso porque um dia o Amor será apenas 1 migalha. Nesse dia o amor será um pedaço de nada. O amor será nada sem mim.

Nesse dia, ele não terá escolha a não ser se ajoelhar a meus pés. Vou subjugar o amor. E de posse do último pedaço, da última migalha, vou acabar a construção do ser que foi retalhado. Nesse dia utópico, porém possível, ele não vai mais fugir de mim.

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