12 novembro, 2009

Forte

O cachorro do meu irmão morreu.

Essa foi a notícia que recebi quando cheguei em casa, vindo do trabalho. Fiz algumas perguntas vagas, como se a minha displicência fosse me afastar de algum modo da consciência do fato. Foi em vão. Ficamos imersos na morte do cão.

Aí chegou o amigo do meu irmão, chamado exclusivamente para ajudar a carregar o cadáver do cachorro. Algumas introduções, algumas piadas, o convite. A resposta? "Desculpa, não vou por a mão nele não".

Meu irmão foi até a casa do cão com uma lâmpada, para ajudar a iluminar o local. Voltou logo. "Não vai dar, não vou conseguir, é muito triste" voltou ele dizendo, derrotado.

De repente, eu cansei. "Vamos lá então", disse eu. (Seja forte, seja forte...)

Na casa do cão, quando a luz quebrou a escuridao, lá estava ele. Era um Pit-bull, cara ameaçadora, dentes afiados, desconfiança plena de tudo e de todos. Mas já não era nada disso. Os olhos opacos eram meigos como nunca tinham sido em vida; as patas encolhidas, a boca aberta, os olhos apreciando infinitamente o asfalto.

(Seja forte, seja forte).

Dei um passo à frente. Me animei com a perspectiva de retirá-lo dali, como se fosse uma homenagem póstuma, uma aproximação, ao cão que por toda a vida tinha afastado todos de si. Cobri o cão com um lençol e a partir daí o incomodo melhorou. A dor diminuiu. Até agora não sei bem ao certo se fiz isso pra não ver o cão ou se o fiz para não ME ver no cão. Esse é o grande problema com a morte: há uma empatia involuntária.

Continuei sendo forte e comecei a movê-lo. Meu irmão saiu do choque e me ajudou. Pusemos um saco de lixo na cabeça, em direção ao rabo. E depois outro, no rabo em direção à cabeça, para selar o corpo. Olhei para o corpo. O cão no saco preto. Um dia todos seremos isso: uma massa rígida dentro de um saco preto.

Fui forte, comemorei. Fui forte. Ajudei meu irmão a levar o cão morto pra um veterinário, onde seria incinerado. Fui forte.

Cheguei em casa e fui logo dormir. Com a cabeça no travesseiro, me ocorreu que eu não havia fechado os olhos do cão. Sepultado de olhos abertos.

Seja forte, seja forte. Não consegui.

Lembrando de olhos eternamente abertos, o peso mórbido da morte me atingindo, fiquei com meus olhos abertos até tarde da noite.

Meu travesseiro ficou lavado de lágrimas.

10 agosto, 2009

2 caras

twoheadssnake

Ah…eu já vi muitas cobras 2 caras por aí.

Algumas inclusive andam sobre 2 pernas e são totalmente terrestres.

Pois é, pois é, pois é.

07 agosto, 2009

Tiros

A lembrança é um gatilho. Basta um movimento, uma fração de segundo e ela estala, dispara.

O tiro é a saudade. É rápido, voa, dói.

Às vezes o tiro é de misericórdia e você se conforta na ausência infinita da pessoa sentida ou da situação que faz falta.

Contudo, em alguns casos, o tiro é cruel e dói a falta de pessoas vivas, de gente querida que já não te olha nos olhos; corações que nunca estarão tão próximos como antes; aquela risada engraçada, livre, que talvez você nunca mais ouça.

A saudade é um projétil. Um projeto. E somos todos cheios de tiros.

27 julho, 2009

Miserável

Lavar roupa suja (no sentido figurado da palavra) é talvez a coisa mais patética e constrangedora que uma pessoa possa presenciar. Pois é, eu presenciei e foi no ponto de ônibus perto de casa. (Sempre o ponto de ônibus...).

Um casal de mendigos, um revoltado com o outro. O homem xingando a mulher dos piores nomes depreciativos, ela replicando que quem era tudo isso era a mãe dele, não ela.

Comecei a sentir pena dela. Estava um frio horrível e ela estava com uma calça LEG com o final na perna de fora. As mãos estavam encardidas, as pontas dos dedos pretas como piche. Vendo os dois insultando um ao outro, me deu pena. Além de miseráveis, eram infelizes. Como se por um capricho da vida a privação de quase tudo e a sujeira no corpo não bastassem, era necessário também deixar o coração e a mente no mesmo limite físico que o corpo. Como pode a miséria não ser castigo o suficiente?, perguntei a mim mesmo.

Então ela se aprumou onde estava sentada e eu a vi: a garrafa. Ahhh, agora faz sentido, concluí. É o conflito causado pelo álcool, a guerra da bebida, os peixes morrendo pelo boca, como diz o ditado.

O homem, ainda dizendo palavras ofensivas, se afastou. A mulher continuou sentada, respondendo e logo se cansou. Em seguida, afirmou em voz alta que não queria falar palavrões porque tinha muita gente ali. Se levantou, com esforço apoiando-se nas duas pernas. Pegou a garrafa, caminhou e ia se afastando, levando consigo toda a nossa reprovação.

Então parou. Olhou no fundo dos olhos de um casal que estava parado a sua frente, abraçado. Levantou a mão e expôs a palma da mão para o casal, os dedos para cima, num claro gesto de interrupção, como se pudesse dessa maneira parar a repreensão e constrangimento que todos sentiam. Em seguida, disse: "Me desculpe, por isso. Por favor, gente, me desculpe". A mão se abaixou e a mulher se retirou pisando firme, o recado dado ao casal percebidamente valendo para todos ali.

Ela não cambaleava, não falava arrastado. Ela não estava bêbada, afinal. A conclusão foi baseada principalmente no pedido de desculpas final. Uma pessoa alterada pela bebida não fica com a cabeça no lugar, não mostra humildade, não pede desculpas. Ela se foi e a pena que eu sentia dela voltou.

Funcionou, pensei. A mão erguida dela barrou em mim o julgamento injusto que eu fazia da mulher. E no momento em que a mão recuou-se e fechou, ela já carregava, como tanto desejou, o meu perdão.

Porque, diabos, a miséria realmente já é castigo o suficiente.

Tapa de realidade do dia


"Eu não tive mãe, outra pessoa não teve um grande amor, outra não conseguiu realizar um grande sonho. Cada um tem que aprender a viver com suas irrealizações...não é assim?".

Divã, Filme, 2009.

24 julho, 2009

Crime

Na morna entrevista que LULA concedeu à Radio Globo no último dia 23/07, o Presidente disse, em outras palavras, que pedir emprego não é crime.

O presidente está corretíssimo.

Pedir a um político, realmente não é crime.

O crime está em conceder o emprego, Presidente.

Pretendendo...

O que dizer de um dia em que:

Um. Você acorda atrasado.

Dois. Você chega atrasado 40min no emprego.

Três. Você tem que dançar 'na boquinha da garrafa' por ter atrasado.

Quatro. Você é uma pessoa que não vai em bancos, resolve as pendências de outra forma e odeia ir à agências. Aí o que acontece? A empresa onde você trabalha não cadastra sua conta corrente e te paga em ordem de pagamento em OUTRO banco!

Cinco. Você vai a uma agência retirar a ordem do pagamento. Você fica meia hora pra passar na porta-giratória, mas você se alegra porque o lugar está vazio. Você se informa, mas lhe informam: saque de ordem de pagamento só na outra agência a 2 quadras dali. Ok.

Seis. Você vai à agência informada. Essa não tem porta giratória, contudo tem uma fila considerável. Você entra na fila. 15min depois o sistema cai sem previsão de retorno. Isso às 15h30 - ou seja - banco só na segunda-feira.

e

Sete. Aquela conta que você PRETENDIA pagar com o dinheiro que você PRETENDIA sacar vai ficar atrasada por todo o fim de semana, incorrendo em mais juros e encargos, exatamente como o banco pretendia.

Pra não dizer outra coisa, eu faço como uma colega minha e expresso meus sentimentos através de uma expressão inversa dizendo: quando tudo dá errado, eu acho ótimo. Adoro.

21 julho, 2009

Temperaturas e os Estados

Um pouco de humor pra aquecer essa São Paulo tão fria.

Assista aqui o vídeo, que na verdade só tem áudio.

Embaraçoso


Firefox Embarassado by ojeann

Adoro quando coisas especificamente virtuais acabam recebendo pequenos detalhes que os trazem mais pra perto da humanidade.

Hoje, ao abrir meu navegador Firefox, ele avisou:

"Bem, isso é embaraçoso. O Firefox está tendo alguns problemas ao restaurar suas abas e janelas".

Isso, além de bem-humorado e divertido, é um ótimo golpe de marketing. Esse toque de humanidade acaba criando uma proximidade maior com o programa, uma relação de afeto.

Meu afeto pelo Firefox aumentou ainda mais.

19 julho, 2009

Vergonha respondida

Já fui acusado muitas vezes de não ter 'vergonha na cara', de ser 'descarado', de não expressar minha raiva e minha dor, de não explodir.

Eu discordo de tudo.

Pra mim, muita gente confunde falta de vergonha com senso de compreensão e mais pessoas ainda misturam auto-controle com apatia.

Já passei por 2 mudanças de casa em pouco tempo. Em ambas, fui expulso por gente do meu próprio sangue. Hoje, depois de períodos conturbados, falo quase normalmente com as duas. É verdade que nada é como antes, porque os amores platônicos e as admirações ingênuas só duram até o primeiro baque. Mas quando pilares caem, torres se erguem e eu, como um castelo, fiquei mais fortalecido.

Claro que foi um período extremamente difícil. Fiquei muito triste, muito decepcionado. Então lavei meu sofrimento com lágrimas e puni os expulsores com o meu silêncio. Até eu finalmente perceber que os gritos ensurdecem, mas apenas temporariamente. O silêncio, por sua vez, fere discretamente por uma vida inteira.

De qualquer maneira, pra mim uma voz que se cala é sinônimo de uma pessoa que morreu, então logo não aguentei mais não falar e os diálogos (re)começaram. O progresso vem daí: do esforço, da iniciativa - e por que não - da sua capacidade de suportar e ir em frente, mesmo que afligido pela dor.

O fato é que, desculpe, não me sinto sem vergonha ou descarado. Me sinto maduro e, acima de tudo, humano. Afinal, quem entende mais tem que saber compreender quem entende menos.

E pra todo mundo que ainda questiona o porquê de eu falar com quem me causou tanta dor, ou agir como se nada aparentemente tivesse acontecido, leia o texto abaixo e atente para a resposta do Monge, porque ela é também a minha.


O Monge e o Escorpião

Monge e discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente no rio. Foi então a margem tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o monge e juntou-se aos discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.

"Mestre, deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!"

O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:

"Ele apenas agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha."


Tá bom pra você?!

Frase do dia

Às vezes dá uma saudade das pessoas com quem a gente compartilhou sorrisos.

14 julho, 2009

O Mendigo

Estava eu fazendo uma rota alternativa pra verificar o melhor (mais rápido) caminho pra chegar em casa quando um mendigo me para pra pedir ajuda.

"Lá vem", pensei.

O rapaz usava roupas simples, mas tinha uma boa dicção. Dava pra notar que tinha tido o mínimo de instrução.

Ele me pediu ajuda pra comprar um prato feito. Vi que levava uma sacola, daquela que o pessoal usa pra cheirar cola.

Eu disse que não tinha dinheiro. Resolvi ser sincero e disse que tinha começado a trabalhar há pouco, que ainda não tinha recebido.

A expressão dele mudou. Ele disse que estava feliz por mim. Perguntou se não era como tirar um peso das costas, o que eu prontamente assenti. Ele perguntou meu nome e me deu o dele: Marcelo.

Comentou como estava difícil arrumar emprego, que ele fazia uns bicos de vez em quando. E falou como as pessoas tinham preconceito. Olhei pra ele e ele era negro. Não sei bem se ele se referia ao preconceito por ser negro ou por ser pobre. Talvez os dois. Me desejou sorte no emprego novo. Eu desejei o mesmo a ele, incentivei.

"Uma porta vai se abrir", afirmei.

"Eu sei. Eu não vou desistir" disse ele.

Se despediu, apertou a minha mão e partiu com direito a dizer meu nome e tudo.

O tempo estava frio mas quem me congelava era a culpa. Eu tinha o dinheiro para o Marcelo comprar o prato feito dele. Me arrependi por ter dito que não. Às vezes a gente tece as teias pros outros caírem, mas quem acaba sendo picado somos nós mesmos. No caso, a picada doeu muito.

E quando eu fui embora, a última imagem que vi foi um casal dando uma moeda pra ele e Marcelo feliz da vida, agradecendo com acenos de mão e sorrisos.

Me perguntei como poderia ajudar o pobre Marcelo.

Fiz uma oração pra ele.

A favor do Marcelo negro, pobre e discriminado.

E acima de tudo, contra a crueldade e a injustiça que dominam o mundo.

08 julho, 2009

[se] enganando

O assunto era adiantar o relógio pra não perder a hora.

1: Eu preciso disso, sou o mais perdido. Se não fizer, perco a hora sempre.

Eu: Ah, eu já tentei fazer isso, mas eu sempre lembro que o relógio tá adiantado e fico mais um pouquinho na cama.

2: É verdade, eu também.

3: Nossa, você tenta se enganar, mas não consegue? risos.

Eu: Eu tento me enganar, mas não consigo. Sou esperto demais pra mim mesmo. risos.

29 junho, 2009

Duplo sentido

Propaganda no Metrô de SP da Tim referente ao plano Infinity PÓS.timenganoso

Repare no letreiro: ‘ligações locais para Tim, móvel ou fixo’.

Nesse ponto surgiu a minha dúvida: o 1º minuto grátis vale para ligações locais apenas para os nºs. TIM (tanto móveis quanto fixos) ou vale para nºs TIM e para nºs móveis e fixos (de outras operadoras)?

O site da promoção diz

Quando você fizer uma ligação local para um número móvel ou fixo da TIM, será descontado no máximo 1 minuto do seu plano Infinity.

Sobre minutos para outras operadoras, o mesmo endereço afirma

Cada plano possui um pacote de minutos para usar em ligações locais para números móveis e fixos de qualquer operadora.

Consumidores menos atentos com certeza entrariam pelo cano, achando que pra qualquer número, seria descontado apenas 1 minuto.

Duplo sentido vatajoso, não?!

20 junho, 2009

Terra em Fogo

Brincando com o assunto ‘planetas’, lembrei desse vídeo incrível que simula a destruição da Terra pelo impacto de um asteróide. A riqueza de detalhes é impressionante e a música de fundo também ajuda.

Se eu já tinha ficado impressionado com a versão padrão, imagine quem assiste a essa versão, em alta definição, no Youtube.

Cosmicamente falando

Dando início à nova série “Aí eu te pergunto”, está aí a notícia da InfoExame.

planetagordo[7]

Segundo a matéria os planetas podem aumentar de tamanho e não se sabe as causas – ou seja, os planetas engordam e não sabem o porquê.

Isso é exatamente o que acontece com muita gente por aí.

Aí eu te pergunto:

1º. Se os planetas podem engordar, porque eu não?!

2º. Será que os planetas mais rechonchudos eu posso chamar de ‘fofinhos’ e ‘fortinhos’?

3º. Quando encontrar alguém gordo posso usar os planetas como referência? Por exemplo: “Nossa, como você engordou. Está praticamente um NETUNO.”

Vou me divertir à beça usando planetas como analogia.

E tenho dito!

Observação

Apenas para o fim atormentar (carinhosamente, claro) as pessoas a quem amamos com precisão técnica, segue abaixo a classificação dos planetas por tamanho, de acordo com esse site.

- Planetas pequenos: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Sabe aqueles cuja altura é quase igual ao tamanho da barriga? Então…diga que essas pessoas estão ‘meio TERRA hoje’.

- Planetas gigantes: Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Esses sim são para aquelas pessoas robustas que você conhece. Quer xingar com vontade, diga “Rapaz, só faltam anéis…porque você está totalmente SATURNO”. E os planetas gigantes também são conhecidos como gigantes gasosos.

Aí danou-se. GASOSOS? Ah, eu conheço muitos desses por aí…

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Fotos incríveis e comparações de tamanho entre planetas aqui. Explicações adicionais de alguns astros do link anterior você encontra nesse blog aqui.

18 junho, 2009

Julgamentos, perdões e o sofrimento atropelado

Dia desses fui fazer uma entrevista. O ponto de ônibus é no pé de uma ladeira, o que equivale dizer que do ponto de ônibus tem-se uma vista clara da ladeira acima.

Pois bem.

Estava eu aguardando a chegada do ônibus, quando vi uma aglomeração mais acima na ladeira. a uns 50m de distância de mim.

Não enxergo bem, só vi que o fluxo de carros havia parado. Forçando a vista, enxerguei um rapaz arrastando pelas extremidades um corpo para a calçada.

"Nossa. Que horror. Uma pessoa foi atrolada" pensei. Mas ninguém arrasta um corpo humano pelos pés. Quando o corpo chegou na calçada, eu vi: era um cachorro.

Fiquei vagueando pelos pensamentos, ora irritado com o motorista que atropelou o cão, ora com a pessoa que arrastou o animal, ora com o próprio cão por ter morrido.

Depois caí em mim que o cão podia ser daqueles que corre atrás dos carros e que o motorista não teve culpa. Depois, o corpo não podia ficar na rua então o homem que o arrastou fez bem e por fim, talvez o cachorro não quisesse causar a sua própria morte. Quem quer?

Por 15 minutos eu julguei e castiguei cães e pessoas que eu sequer conhecia.

Então meu pensamento desanuviou. Num segundo, perdoeei os que provocaram a morte, os que carregaram o corpo, os que morreram e aproveitei e também pedi perdão por mim mesmo.

Aí fiz a única coisa que eu podia fazer (e a única que eu devia ter feito):

Fiz uma oração.

Os cachorros, os motoristas e os carregadores de corpos subiram com minha reza pro céu.

E eu subi no ônibus pra ir pra minha entrevista.

Tapa de realidade do dia

Se preocupar com a opinião alheia às vezes é isso.

08 junho, 2009

Antiga

Lá estava eu, andando pela calçada, quando um vendedor de rua me aborda.

Vendedor: Meu chapa, vamos entrando…Você está com a sua mulher, não é?! É hoje que vocês vão entrar pra conhecer nossos cursos!

Eu: Hoje não dá, cara. Estou com um pouco de pressa.

Vendedor: Ihhhhh cara. Essa de “hoje não dá” já é antiga. Entra aí, vamos conhecer.

Eu: Antiga pode até ser, mas o importante é que ela funciona. Falou!

Língua inteligente

febre

Adoro ler o título de uma notícia e depois descobrir que fui inteligentemente enganado.

26 maio, 2009

Crença Negada

Eu não acredito em Karma.

Não creio em punições cósmicas.

Não acho que existam erros irreparáveis.

Não acredito em erros atemporais.

Não acredito que o mal que a pessoa passa, é o mal que ela plantou. Ao menos não inteiramente.

Não acredito em depressão sem motivo, em rebelde sem causa, em impunidade.

Mas não acredito em punição eterna. Não acredito que uma pessoa tenha que sofrer uma vida inteira por 1 único erro que cometeu.

Eu creio no bem.

Eu acredito no poder de possibilidades.

Acredito em apoio, em confiança e em generosidade.

Eu acredito na fé que move montanhas, no choro que toca corações e em mãos, que antes lhe esbofetearam, agora te erguem do chão.

Eu acredito em regeneração.

Eu creio em volta por cima.

Eu não acredito em casos perdidos.

Eu acredito em segundas chances.

17 maio, 2009

Guerra

Todos os dias são uma batalha. Você acorda e luta contra o sono, contra os ônibus lotados, contra o mau humor do chefe. Aí vem a hora do almoço e você briga com a fome, briga com a vontade de ir ao banheiro, com a vontade de ir fumar.

Em cada âmbito da sua vida, há uma guerra. É o mau humor sem motivo, o senhor que dirige mais devagar na sua frente, no trânsito. E aí tem aquela pessoa irritante no trabalho porque é grossa e tem aquela pessoa que te incomoda porque é gentil demais, voz suave demais, quase um boneco de tv. E fica sempre a dúvida se você deve dizer que odeia quando corrigem meu Português ou se mantem a diplomacia e se cala.

Todas as batalhas são dúvidas. Parte da vitória está em fazer uma opção.

Em algum ponto, você pode achar que são lutas demais, que tudo é demasiado injusto. Às vezes é. Mas você não pode desistir. Porque as batalhas que você deixa hoje, se acumulam para amanhã e acaba sendo ainda pior. Quando você não fica mais forte, as batalhas ficam, os problemas se alargam, o caos se aproxima.

Se você se permitir, suas lágrimas podem cair. Você não.

05 maio, 2009

A erva e país contradito

- Você viu?! A Justiça proibiu a Marcha da Maconha.

- Sério, por quê?

- Porque eles dizem que é apologia. Eu sou a favor do uso medicinal da maconha.

- Eu também, totalmente. Apologia…apologia…Me explica uma coisa: fazer marcha para falar do uso medicinal de drogas não pode porque é apologia. Agora o Maluf aparecer em rede nacional e dizer ‘estupra, mas não mata’ não é apologia ao estupro? O Maluf pode?

- Pois é. Nem me fale.

- Pois é digo eu. Mais do que contrastes, Meu Deus, o Brasil é cheio de contradições.

02 maio, 2009

Windows 7 Mini-review (build 7100, RC) – Parte 1

win7ult

Prós

Instalação - o processo é totalmente autônomo. Só durante o início e durante o final é que você interage com o processo. Ótimo para sair, tomar café, tomar um banho e voltar só quando a instalação estiver no fim.

Drivers – O único não instalado no início foi o do Leitor de Cartões, mas assim que iniciado pela 1ª vez, o Windows 7 localizou no Windows Update, baixou o driver e avisou que precisava reiniciar para instalar atualizações. De longe, o processo mais demorado na formatação de um computador é a busca por drivers. O Windows 7 acabou com essa demora. Terminada a instalação, o PC está pronto para uso.

Visual

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A primeira coisa que se nota é o efeito AERO (abas e janelas translúcidas) ativado. Detalhe: o uso do Aero não reduziu em quase nada a performance do meu processador Pentium Dual-Core.

A Barra de tarefas está mais simples, mais organizada, com ícones maiores. A “barra de inicialização rápida” não existe mais, ela é integrada à barra de tarefas. Os ícones ao lado do relógio ganharam um espaço restrito. Mas é possível decidir quais ficam sempre visíveis, quais não.

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Windows Update

O sistema de atualizações agora é integrado ao Sistema Operacional. Muito simples e rápido. Às suas ordens, ele seleciona as atualizações, baixa, instala, tudo automático. Você só fica sabendo quando ele emite uma notificação de atualizações instaladas.

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continua…

Otimismo

Dizem que quando Deus fecha uma porta, ele abre uma janela. No meu caso, ele abre outra porta, duas janelas e, de quebra, um vitrozinho.

30 abril, 2009

Porque sou como sou.

Ela: - Se alguém faz alguma coisa pra mim, é pra nunca mais, pode me esquecer. Até hoje quando vou à igreja tenho que me confessar sobre o seu avô, as coisas ruins que ele me fez. Por isso te acho muito descaradinho.

Eu: - Por que descaradinho?

Ela: - Porque eu nunca perdoaria o que fizeram com você. E você não demonstra o menor sentimento.

Eu: - Não acho que tenha a ver com descaramento.

Ela: - Tem sim. Quando alguma pessoa faz alguma coisa pra mim, eu fico marcada.

Eu: - Talvez seja essa a razão de eu ser eu e você ser você: a maldade também me deixa marcas, mas eu tenho a capacidade de me livrar delas.

21 abril, 2009

Confiando (Portas e Pregos)

Possibilidades são tentadoras seduções. A superlotação de cidades como São Paulo, traz forte concorrência, o que desencadeia deslealdade, corrupção. Ninguém sabe o que é capaz de fazer para continuar no páreo. E isso gera um problema moral silencioso e letal: ninguém confia em ninguém.

A gente passa achar que todos estão mentindo, que nada é o que parece, que há sempre uma intenção por trás: o mendigo pedindo esmola se transforma num assaltante em potencial, o colega de trabalho solícito com certeza deve ter algum interesse em me ajudar assim, a pessoa de quem eu gosto demora 1 hora a mais pra chegar em casa e pronto: não é o trânsito, é um caso. Com certeza um caso. Existe tanta gente mais bonita do que eu. Mais legal que eu. Por que ela ficaria comigo? Por que ele me amaria?

É a sinfonia doentia e paranóica do medo de confiar ecoando sem parar.

Às vezes a gente teima e continua acreditando. Acredita se preparando para o pior. Nesse caso não estamos sendo corajosos, mas sim ingênuos e falsos, porque a precaução é uma desconfiança.
Que jeito? Qual a alternativa? As portas têm muita confiança nos pregos dos batentes e por isso acabam indo parar no chão com muita frequência. Em alguns casos, desconfiar é sobreviver.

E atente: sobreviver É subexistir. Se você quer desfrutar plenamente dessa existência, você vai ter que se desprender dos nós que te atam às suas mágoas e das correntes que te prendem aos seus medos. Só a liberdade de ser você mesmo é capaz te trazer coragem. Confiar é se entregar sem limites, sem amarras. Confiar é arriscar por querer. Só quem é livre consegue confiar.

Então se você tem alguém na sua vida que você acha que mereça, pare de desconfiar. Aceite que a mentira é comum, mas que a verdade também está lá fora. Confie, ainda que pareça errado ou que você se sinta ingênuo. Confie, ainda que doa. Porque as pessoas percebem quando têm o seu respaldo e é a isso que elas respondem com os atos delas.

E quando observar as portas que estão ao chão, observe que os pregos que a seguravam, a quem ela culpa, também estão lá, caídos. Talvez eles tenham tentado suportar ao máximo o peso da madeira e não conseguiram. Talvez eles estejam lá apesar de terem lutado bravamente.

E acima de tudo, lembre-se que quando você tomba, você pode se içar novamente, que os pregos que te prendem, uns estão lá, frouxos; outros são tão firmes que suportarão a madeira por toda a eternidade. E por fim, nunca se esqueça: você não é uma porta.

Ao menos, não precisa ser.

20 abril, 2009

Tapa de realidade do dia

"Deus não dá as costas a ninguém.

As pessoas é que dão as costas a ele.

Deus sempre está onde o deixam entrar."

14 abril, 2009

Tudo (no MSN)

Cíntia: Quero esquecer meu ex de vez.

Eu: O seu problema é que você ama demais.

Cíntia: E como amar de menos?

Eu: Tá aí uma pergunta que eu daria tudo pra saber a resposta...

Cíntia: Acho que eu sei a resposta.

Eu: E qual seria?

Cíntia: Não se entregar. Amar você primeiro e depois o outro.

Eu: É, tem razão.

(Pausa de 20 minutos)

Cíntia: E aí, gostou da resposta?

Eu: Gostei sim. Faz bastante sentido.

Cíntia: Ótimo, me dê tudo. Eu te dei a resposta.

(Risos)

27 março, 2009

Tapa de realidade do dia

"Às vezes as pessoas que você acha que mais fazem diferença, são as que não fazem absolutamente diferença nenhuma."

23 março, 2009

Tapa de realidade do dia

"Você escolhe levantar a poeira e depois reclama que não consegue enxergar".

* ouvido no Programa da Márcia, em 23/03/2009.

Você...descartado?!

Procurar trabalho é um trabalho. Exige esforço, tempo, dedicação. É um teste das habilidades que posteriormente as empresas vão te exigir.

Numa entrevista, não há vencedores ou perdedores. São todos campeões. É gente que põe o pé na rua, pra tirar o pé da lama. Pessoas que erguem a cabeça pra não se deixar afundar no ócio da acomodação.

[...]

A vida é um jogo. E a única regra é não desistir. Você tem que colocar a auto-estima no alto, as críticas não-construtivas no baixo e a vontade de vencer sempre à frente. Você tem que saber o seu valor. Porque o que as pessoas acham ou esperam de você é baseado no que você acha ou espera de si mesmo.

[...]

O hoje e o amanhã são exatamente iguais. Quem os faz melhor ou pior é você. Aceite essa responsabilidade, não desista nunca e seja bem vindo ao sucesso.

* fragmentos de uma redação livre escrita para um processo de seleção.

18 março, 2009

Vivo

Só uma frase dita por Pedro Bial antes de uma eliminação nessa edição do BBB.

"[...] é comum confundirem inocência com fraqueza. [...] é bom lembrar que às vezes a força a rigidez são caracteríssticas da morte e a fragilidade e a flexibilidade são virtudes da vida."

Estou vivo. E com saúde.

Mas sem internet.

Amém.

18 fevereiro, 2009

Braços

Às vezes são os pequenos detalhes (sempre os detalhes) que chamam a minha atenção.

Assistindo ao Big Brother de ontem, me senti tocado por um gesto. Depois de anunciada a saída de Emanuel, Mirla chora. Nesse momento, Josi (a pessoa que mais me causa admiração) abriu os braços numa pose de acolhimento e enlaçou os braços em Mirla. O mais marcante foi o rosto da Josi. Ela se doou naquele abraço. Ofereceu braços de conforto para a amiga e mãos de consolo para a amiga.

Não me cativou muito a eliminação do rapaz. Me encantou o abraço da Josi. Talvez porque eu também saiba dar um abraço daqueles. Ou talvez porque aquele é o tipo de abraço que eu gostaria de receber nesse momento.

Isso, ou ela é uma bela atriz e foi tudo ilusão.

Permita-me voltar para minha febre de 39 e meio. Mesmo as febres tem seus lados positivos. A minha traz aos meus olhos as coisas que meu coração gostaria de sentir.

13 fevereiro, 2009

Igreja Parte II

Fui à Igreja segunda-feira. No início da missa, o padre ficou surpreso:

- Mas como a igreja está vazia.

[A partir daqui, pensei mas não disse].

- Não, padre.

- Não o que, meu filho?

- Não está vazia.

- Mas veja, existem pouquíssimas pessoas.

- Não. Olhe ao seu redor, padre. A igreja está cheia de anjos.

Só 1 coisa

"O Amor é só uma coisinha insignificante...assim como o ar".

Homens não rezam - Igreja Parte I

Fui ao grupo de oração aqui da comunidade. Não tinha um homem sequer no grupo, além de mim. Estranhei. Quando achei que tinham aparecido alguns, escobri que eles eram os cantores da missa, não participariam do grupo de oração.

Acabei perguntando.

- Mas cadê os homens desse grupo? Só tem eu?

Ao que uma das mulheres do grupo respondeu:

- "Muitos serão chamados, poucos serão os escolhidos" disse Jesus.

E isso foi um tapa de realidade, no meio da minha cara.

10 fevereiro, 2009

Pensei, mas não disse

Não espere que eu faça tudo que você quer ou tudo que você espera, ou vou sempre ficar te devendo. E quem disse que a sua oração em pé fez mais diferença do que a minha, sentada? Deus ouve os corações mais aflitos, não os corpos mais eretos. Pra alguém tão pecador quanto eu, você me julga de maneira muito cruel.

06 fevereiro, 2009

Tapa de realidade do dia

"A vida por vezes nos fere com nosso próprio amor". Daril Parisi.

Conclusões, vestibular e sexo (No MSN)

- Ai. Nem passei na USP.

- Ah, que pena. Justo você, tão estudioso...

- Pois é. Fiquei meio chocado quando vi que não tinha passado.

- Veja pelo lado bom, agora você pode afogar mais essa mágoa em sexo.

- Como assim? Eu não faço sexo há meses, há anos, milênios até.

- Então tá explicado.

- O quê?

- Foi por isso que você não passou. O sexo ativa neurônios perdidos, já percebi. Sempre fico mais esperto depois que de transar.

- Seu porn!

fim.

05 fevereiro, 2009

Voz e dor

Um blog serve pra muitas coisas. Até pra dar voz a uma dor que não se cala e pra postar palavras que clamam por justiça. Esse blog foi criado por Odele Souza, mãe da Flávia que está em coma há 11 anos, depois de um acidente envolvendo o ralo de uma piscina.

A essa mãe, por querer fazer a diferença, dedico essa pequena homenagem e reitero o orgulho que tenho de permanecer à mesma espécie que pessoas como essa.

O blog Flávia, Vivendo em Coma você encontra clicando aqui.

Da série: Conversas no MSN

- Era melhor mesmo que não existisse (o desejo de traição). O mundo seria muito mais justo com menos hormônios! rs...

- É verdade. Ou com mais consciência.

Chegue a tempo

Gostei muito da nova campanha do metrô de sampa chamada Use Bike (veja aqui) para incentivar o uso de bicicletas nos dias de muito trânsito ou quando chegar o dia do rodízio do carro.

Mas repare no fim do anúncio. Para conseguir o aluguel gratuito da bike é preciso apresentar, além do documento original, "cartão de crédito com saldo disponível de R$350,00". Detalhe: como eles vão comprovar o limite disponível no cartão? Não faço a mínima idéia.

A alternativa para quem não tem cartão é se inscrever no Instituto Parada Vital por uma taxa de R$50,00 (metade do valor é disponibilizada como crédito ao usuário).

Mais informações, no site Instituto Parada Vital. A parceria é da Porto Seguro.

PS: O site do Instituto informa que o valor (de R$350 pilas) "é devolvido após a devolução da bicicleta". Pelo que eu entendi, no momento do aluguel da bicicleta serão cobrados R$350 reais no seu cartão, a serem estornados no momento da devolução (deduzidas as horas adicionais, se houver).

Acho a iniciativa muito válida, o preço da hora do aluguel é bastante acessível (R$2 reais pra chegar no horário e não ouvir a bronca do chefe está saindo de graça, vai?!) e a cobertura já atinge 14 estações do metrô.

Agora, quanto a mim, nem mesmo no dia do trânsito mais caótico, eu iria querer cobranças de trezentos-e-não-sei-quantos reais no meu cartão a torto e a direito. Ah, não mesmo. Eu acho a inscrição no instituto bem mais vantajosa (e bem menos arriscada).

Mas nem sei porquê me importo. Afinal, nem de bicicleta eu sei andar.

Batalha

Na guerra chamada vida ganham não as armas mais potentes, mas os argumentos mais destruidores.

04 fevereiro, 2009

Alcova

Eu, quando morrer, quero doar meus órgãos. Do silêncio do meu túmulo, quero ouvir gritos de viva, gritos de vida. E pretendo estar presente em espírito quando meus olhos permitirem que outros olhos, antes estéreis, enxerguem. Quero ver a expressão nos olhos que vêem pela primeira vez, ou que enxergam pela primeira vez depois de muito tempo.

Quero me emocionar com essa imagem. Tenho certeza que nesse momento chorarei com os olhos que já não possuirei.

E sepultado sob lágrimas de alegria de pessoas que ajudei sem conhecer, quero que seus sonhos realizados tornem-se memórias póstumas da minha vida recém-finda.

Quero minha alcova perfumada de sonhos alcançados.

03 fevereiro, 2009

Entalada

Vi uma menina ficar presa na catraca do ônibus. Que cena horrenda. O fiscal da SPTrans disse que ela ia ter que se virar porque eles não tinham chave de fenda para desmontar a catraca. O fiscal recomendou que ela ficasse na ponta dos pés (erguendo as gordurinhas). Ela protestava. Mas fez o que ele disse e deu certo.

Não sabia se culpava a empresa de ônibus, por suas catracas minúsculas ou a própria moça entalada, que se permitia ter um corpo de grandes proporções.

Decidi não pensar muito no assunto. A moça entalada devia estar se afogando em sua própria culpa e vergonha e a empresa de ônibus devia ter muitas reclamações sobre o tamanho das catracas.

Quando há um problema e o problema é resolvido, não importa de quem seja a culpa. Pelo menos em relação a ônibus e a catracas.

Da série: Tapa de realidade

Essa aqui já foi realidade na vida de todo o mundo. Veja.

01 fevereiro, 2009

Sonho vs Lembranças do passado

Ajudei uma pessoa a realizar o maior sonho de sua vida. Algumas pessoas sonham ter uma casa própria, um carro, um amor - todas coisas difíceis de se alcançar e/ou de serem presenteadas com elas. Essa pessoa não. Ela queria um celular.

Fui entregar o presente a domicílio, pra garantir a rapidez de chegada. Entreguei a sacola. Ela abriu, retirou a pequena caixa e aí meu coração ficou na mão: ela começou a chorar. Derramou lágrimas como criança. "Ganhei o que mais queria. Não acredito, não acredito" era o que dizia.

Fiquei comovido. O celular nem era tudo isso, era dos mais simples: só tinha rádio FM de diferencial. Mas não importava. Pra ela, era o melhor aparelho celular do mundo.

Eu nunca tinha ajudado alguém a realizar um sonho. É sensacional.

Me fez lembrar de uma ocasião, quando eu era criança, em que eu havia pedido de aniversário à minha mãe um video-game Master System. No dia, minha mãe veio se desculpar dizendo que não tínhamos dinheiro pro que eu queria e ela tinha comprado um éle-pê da Xuxa no lugar. Não consegui negar meu desapontamento. Para as crianças, os adultos são as únicas armas pra alcançar seus sonhos. Olhei pra Xuxa na capa do disco, ela continuava a sorrir pra mim, estática. Afeiçoei-me ao presente, conformado.

Mais tarde, durante a festa, depois de cantarmos o parabéns, minha mãe se aproximou de mim com uma caixa enorme, quadrada. Ela não precisou falar. Entregou a caixa a mim, esperando minha reação. Não contive as lágrimas. Chorei como um bebê. Todos tentavam me consolar, tentando entender o que acontecia. Mas era um choro de alegria e esses, ninguém consegue estancar.

Chorei por vários minutos. Levantei. Dei um abraço forte na minha mãe, daquele tipo que você só dá pra pessoa que mais ama no mundo. Ela retribuiu e vi que seus olhos também estavam marejados. Corri pra sala pra ligar o aparelho na tv. Joguei horas seguidas. À noite, depois de todos terem ido embora, minha mãe sentou-se comigo no sofá. É uma das coisas mais agradáveis da terra ter sua mãe sentada ao seu lado te observando jogar video-game, pelo simples prazer de estar ali sentada com você. Convidei-a para jogar comigo. Ensinei os comandos. Ela se deu bem, inventou apelidos para as ações do personagem no jogo. Me diverti muito. Muito mesmo.

Aquele dia ganhei da minha mãe um LP e um video-game. Hoje já não tenho nem um, nem o outro. Nem sequer estou certo de que ainda tenha uma mãe. Mas não importa. Aquele dia, eu soube como é ter um sonho realizado. E só quando fiz o mesmo, pude perceber a intensidade do que minha mãe sentira naquele dia. Não conheço qualquer sentimento que se compare.

Então, com a liberdade de que disponho, faço a ousadia de pedir-lhe duas coisas:

1. Ame a sua mãe. Com suas limitações e defeitos. Ela sempre vai povoar as suas lembranças. Garanta que sejam lembranças felizes.

2. Ajude alguém, em algum ponto da sua vida, a almejar alguma coisa que essa pessoa não consiga sozinha.

Dizem que pouco antes de morrer, nos momentos agonizantes finais, passa na nossa cabeça o filme das nossas próprias vidas. Quando eu estiver assistindo a esse filme, quero chorar lágrimas de felicidade, de emoção. Quem sabe até o homem Jesus não chore um pouquinho também. Quem sabe ele aplauda quando o meu filme terminar.

É...quem sabe.

Pensata

"Ou o amor morre nos detalhes, ou neles se eterniza".

30 janeiro, 2009

Partes do corpo

- Que coisa. Você sempre leva as coisas que a gente diz pro lado sexual...

- Isso é óbvio - respondi, em tom de conclusão - Meu corpo é formado por cabeça, tronco e...pênis.

29 janeiro, 2009

28 janeiro, 2009

Inveja travestida (no MSN)

Conversa relatada.

- Meu, tô tão feliz. Em um certo medo, pelo menos. - diz ele.

- Como assim? Em que modo? - fala um amigo, curioso.

- Estou namorando.

- Como assim? Assim...do nada?

- Não. O conheci no final de dezembro e uns 15 dias depois eu o pedi em namoro.

- Não acredito nisso. Se você não fosse camarada eu ia te bloquear e excluir agora mesmo.

- Ué. Mas por quê?

- Porque adiciono a pessoa com a intenção de conhecê-la, fica aquela enrolação, ela sai com todo mundo, menos eu, aí depois de um tempo aparece namorando!

(pausa para reconhecimento de uma atitude ridícula).

(pausa para construção de resposta à altura).

- Em primeiro lugar, eu não saio com todo mundo. Não me confunda com essas bichas ridículas que você tem no MSN. Em segundo lugar, com algumas pessoas rola de se encontrar, com outras não e a gente tem que superar. E em terceiro: veja se para de ser chorão!

- Pronto. Agora sim. Você vai ser bloqueado e excluído. Odeio gente grossa.

Msn avisa: fulano ficou offline.

(sensação de completo descaso em que uma pessoa ridícula me bloqueou e me impediu de ter outras conversas imbecis como essa).

fim.

Partes do corpo

- Como você é pervertido, sempre levas as coisas pro outro sentido.

- Isso é óbvio - disse eu, com ar de conclusão. - Meu corpo é formado por cabeça, tronco...e pênis.

Conversas Informáticas

E eis que eu já estava na casa da minha prima há meia-hora no computador e sem previsão de término.

- Mas o que você tanto faz aí, primo? - disparou ela.

- Tô tentando instalar os drivers dos dispositivos aqui. Som, monitor, essas coisas. Mas não tô conseguindo. - falei, frustrado.

- Por quê? O que tá faltando?

- Eu preciso saber o nome da sua placa-mãe.

- Ah, essa é fácil! - disse ela, apontando para a própria mãe - O nome da minha placa-mãe é Ivone.

27 janeiro, 2009

Tapa de realidade do dia

Sensacional.

Aqui.

impunidade

Eu queria saber como é que as pessoas conseguem fazer os riscos mais gigantes nos DVDs de locadora...e pior: conseguem interromper as partes mais emocionantes do filme!

Devia haver punição para o relaxo.

E R$4,50 de aluguel por 24h, pra um filme riscado, tá muito caro.

É mais fácil ir ao camêlo e comprar o filme. É pirata, mas não é usado.

Dá pra ver o filme sem pausas e se divertir sem riscos.

Rápidas da semana (passada)

- Pra quem já jogou video-game, esse link é imperdível.

- Fiquei feliz porque a modelo Mariana Bridi faleceu. Ela não teve que acordar pra perceber que estava sem mãos e pés.

- O discurso da posse de Barack Obama foi provocante e comovente. A íntegra, aqui.

- Assista 'Diários de uma paixão' (Título original: The notebook) e 'PS: Eu te amo' (PS: I love you) em um fim de semana chuvoso.

- Tostex é o nome artístico do Misto Quente feito no pão de forma, na tostadeira. E é gostoso como celebridade.

- Fui ao coquetel de comemoração dos 76 anos do Mercado Municipal de São Paulo. O refrigerante acabou antes que a cerveja. Paladar rebuscado ou falta de estoque?

- A propósito, o homem que confeccionou o bolo dos 455 anos de São Paulo - pasmem - o faz de graça. Ao que parece, ele faz a coisa pelo prazer de ajudar (e eu sou o Mickey). Os ingredientes (obviamente) ele cobra.

- Vamos combinar. R$4,50 pelo aluguel de um DVD é um roubo.

22 janeiro, 2009

Balanço da semana (passada)

- perdi o final d'a favorita.

- vi o zeca camargo deslizando no fantástico.

- caiu o muro de berlim do big brother e eu não vi.

- as bruxas queriam falar comigo. eu não fui.

- a Oi não estava recebendo SMS.

- cortei meu cabelo bem curto.

- e não postei nadinha no fim de semana porque não estava com a mínima vontade.

Pronto, falei.

Hipócritas

Somos todos hipócritas.

'Não julgo ninguém', 'Quem sou eu pra dizer qualquer coisa?', 'Eu sou a pessoa menos indicada pra te dar qualquer conselho'. Mentira, mentira e mentira.

Todos julgamos. Analisamos, comparamos e tiramos conclusões. O que os nossos olhos vêem é julgado pelo nosso cérebro a todo instante. Das roupas das pessoas que passam na rua (são de Marca ou não?) ao tamanho do nariz do Luciano Huck.

Julgamento.

A questão não é que eu não julgo. A questão é não levar esse julgamento a sério. Não ser hipócrita é desprezar o próprio julgamento. Porque uma roupa de Marca não significa melhor caráter e de que importa o tamanho do nariz do Luciano Huck se ele é capaz de fazer a mulher dele feliz? Maturidade é atropelar o julgamento automático emitido pelo cérebro, se permitir colher mais informações, que serão base de novos julgamentos, que por sua vez serão - alguns - novamente descartados.

Dobrar a hipocrisia é complicado e trabalhoso. É mais fácil assistir uma novela onde uma mulher é espancada em praça pública por cometer adultério. É mais cômodo concordar e aplaudir.

É Maria Madalena 2000 anos depois. E ela continua a ser apedrejada.

Mas suponho que isso seja uma peça do nosso cérebro. Porque quando você repudia alguém, não pode se colocar no lugar dela. O repúdio implica afastamento. E ninguém quer ser Maria Madalena.

Ainda assim, há milhares de adúlteras que concordaram com a novela: 'ela traiu, é bem feito que apanhe em praça pública'. Algumas disseram isso só pra não discordar da maioria. Outras, por acreditarem que era um castigo justo que elas próprias mereceriam um dia.

Hipócritas ridículas. Novela ridícula.

A hipocrisia é fruto do medo. Medo do real. Medo de lutar.

Eu sou um hipócrita, assumo. Mas luto todos os dias pra deixar de ser, pra ser um pouco menos. Sou um hipócrita, mas há 2000 anos atrás, em praça pública, eu teria dobrado meus braços, cerrado meu punho e fechado minha mãos sobre pedras que eu, então, jogaria de volta em quem as atirara.

Estaríamos do lado de cá da linha, eu, Maria Madalena e Jesus. Contra o mundo.

Da mesma maneira que estamos agora.

links matinais

pra começar bem a manhã...links.

Primeiro, um banho de inteligência com as pérolas dos nossos estudantes, aqui.

Segundo, uma lista de coisas que 'Chaves' nos ensinou. Aqui.

E terceiro, meios pra terminar com a sua namorada.

Bom dia.

Tapa de realidade do dia

Clicando aqui.

21 janeiro, 2009

última bolacha

(conversa no meio da cozinha)

Eu: Ah, mas eu não gosto dele.

Ela: Ah, mas também...de quem você gosta?

Eu: De mim, claro. Eu me amo.

Ele: Ah, que bom. Aqueles que se acham.

Ela: Ele se acha a última bolacha do pacote.

Ele (em tom de alerta): Cuidado, hein?! A última bolacha é a que vem mais quebrada...

Ela (em tom de conclusão): É, mas também é a mais gostosa.

fim.

Com maquiagem

Eu e um amigo resolvemos tomar café no shopping.

A moça traz o cardápio e o nome do café é 'machiatto'.

Quando ela volta, indaga sobre os pedidos:

- Já escolheram?

- Já - responde meu amigo, antes do deboche. - Nós vamos querer o café MAQUIADO. Mas por favor, com pouco batom, tá, senão mancha. Mas um pouco de Blush vai bem. E capricha no Rimel!

A garçonete, se esforçando pra não cair em gargalhadas, se afastou.

Eu não me esforcei. Ri com gosto.

20 janeiro, 2009

Habemus antivirus

Eu sou corajoso. Acesso meu banco, pago contas pela internet, coloco dinheiro na poupança e não tenho nada, nem sequer um programinha rodando em segundo plano que me proteja dos deliquentes cibernéticos.

Ou pelo menos não tinha. Mas essa semana um vírus atrevido invadiu meu computador. Ele não me deixava usar o MSN (última versão), fui instalar um antivirus e consegui corromper alguns arquivos do windows. Varredura de antivirus, 6 detecções, todas deletadas.

Nada de MSN, Firefox lerdíssimo, internet explorer nem sequer abria: o windows se corrompeu.

E lá vamos nós tentar salvar o que resta, formatar, instalar tudo de novo. 5 horas depois...MSN, Office, Firefox e Internet Explorer, tudo funcionando. E mais um amigo aqui chamado antivirus.

Entre queda de performance e aumento de dor de cabeça, eu fico com a primeira.

13 janeiro, 2009

no banco do ônibus, rolou uma lágrima

Já faz algum tempo peguei um ônibus e a coisa mais surreal do mundo aconteceu. No ônibus havia um transex, termo abreviado para transexual.

Segundo o Dicionario Michaelis:
tran.se.xua.lis.mo
(cs) sm (transexual+ismo) Psiq Desejo que leva a pessoa (geralmente homem) a querer pertencer ao sexo oposto, passando mesmo a adotar os trajes do outro sexo ou a se submeter à cirurgia visando uma transformação sexual.


E eu acrescentaria à descrição acima [...]adotar os trajes e 'gestos' do outro sexo [...].

O fato é que o transex do ônibus era um transex inegável. Um homem, de traços bem masculinos, com longos cabelos pretos, gestos delicados e unhas compridas pintadas de vermelho. Um vasto mar de contrastes em uma pessoa só.

Nesse dia, o ônibus estava cheio, mas apesar disso eu estava sentado. O transex estava de pé. E foi aí que tudo aconteceu.

O assento à direita do transex vagou. Na frente do assento estava um senhor de idade, lá na casa dos seus 60 anos. Ele não sentou. Com a mão direita, apontou primeiro para o transex e então, para o banco vazio. O velhinho convidou o transex a sentar em seu lugar.

Um senhor de 60 anos, que na minha cabeça era conservador, tinha mil razões pra ser. Ignorou todas. Preferiu ser gentil.

O transex sentou-se, com a felicidade de uma criança estampada no rosto.

Eu olhei para o senhor durante algum tempo. Ele olhava para a janela a sua frente, fazendo sua viajem de pé. Os seus lábios carregavam um sorriso de satisfação.

E então minha surpresa caiu em forma de lágrimas.

Imaginei o que seria viver trancado dentro de um corpo que não me fazia feliz. Imaginei mudar de corpo, me moldar, isso tudo aos olhos (e às críticas) de quem quisesse ver . Seria difícil, concluí. Muito difícil. E imaginei como seria encontrar num ônibus uma pessoa que entendesse e me reconhecesse como sendo aquilo que eu tão avidamente desejava me tornar. O novo e o velho, num respeito e compreensão quase inexplicáveis.

Às vezes é nos ônibus, e não nos bancos escolares, que aprendemos lições que a gente leva pra toda a vida.

12 janeiro, 2009

a favorita, ainda melhor e mais

No capítulo de hoje d'A Favorita, Stela diz a Catarina:

"A vida é assim, cheia de encontros e desencontros, né?!
A gente sofre um pouquinho,
chora um pouquinho;
aí a gente encontra novas pessoas e começa tudo de novo".

Filosofia de Novela.


E melhor que um capítulo excelente de A Favorita é assistir Sr. Pitt e Angelina Jolie em "Sr. e Sra. Smith".

Imperdível.

E falando em filmes, domingo fui assistir a "O dia em que terra parou".

Meu veredito? Continuo gostando mais de 'Marley e Eu'.

10 janeiro, 2009

08 janeiro, 2009

frases imperdíveis

"Quem mostra a língua, pede beijo.", enviada em uma conversa no MSN.

"Economize bala, chupa minha língua!"
, nome de exibição de contato no MSN.

esforço

"Cada um é aquilo que esforça pra ser."

Dita há muito tempo, por mim.

Eu e Marley


Fui ao shopping ontem com a minha prima revelar algumas fotos e eis que no piso do cinema encontramos uma réplica de papelão em tamanho ampliado do Marley, do filme 'Marley & Eu'.

Tirei uma foto em que se enquadram eu e o cachorro.

Marley e Eu, literalmente.

Posto aqui já já.

PS: Anexei a foto ao texto!

beleza é só um detalhe

Não sou bonito. Sou normal.

E quer saber?

Eu não queria mesmo ser bonito. Imagine você a crueldade de fazer todos a sua volta se sentirem inferiores (esteticamente), a todo segundo, todo minuto. A irmã da Gisele Bundchen deve se sentir horrorosa quando acorda, toda descabelada.

Prefiro ser normal. Porque dessa posição humilde, simplista e ordinária (ordinário = comum) posso mostrar às pessoas o quão belas elas são.

A beleza é só um detalhe, eu sei. Mas você sabe o que eu acho:

o afeto mora nos detalhes.

click

Em 2009 eu quero mudar. E tenho nítido na minha mente a pessoa que quero me tornar.

Em primeiro lugar, decidi que vou entrar em uma academia. Sim, quero ficar malhado, sarado, bombado, a palavra que você escolher...é isso que quero. É o que vou conseguir. Quero me sentir desejado. Quero que me percebam, porque não importa o quanto você se esforce pra mostrar, as pessoas simplesmente não enxergam.

Elas tem que ter um atrativo para, a partir dele, começar a ver as nuances de você. Como aquela situação em que paramos num jardim pra ver uma única bela flor que nos chamou a atenção, para aí descobrir que ela também tem um excelente perfume (ou não).

Os olhos das pessoas são como as lentes de uma máquina: funcionam em perspectiva.

Foco, análise, interesse, zoom...CLICK.

PS: Pros que pensam que eu sou hedonista e egocêntrico, pensem novamente. Não sou 'ainda'.

07 janeiro, 2009

sangue

no MSN, meu primo termina um argumento:

"Ass: homem do coração sangrando...nao tenho feridas pq estas cicatrizam...possuo chagas que sangram ao bel prazer, quando eu menos espero."

06 janeiro, 2009

tartaruga

[...]

Eu: ah sim, agora entendi.

Ela: ainda bem. rsrs

Eu: sou esperto, você viu?

Ela: meio lentinho, mas esperto. rsrs

Eu: lentinho não, sou mega rápido. rsrs

Ela: é nada. se fosse rápido teria entendido minhas indiretas.

Eu: talvez você é que não tenha parado pra tentar entender os meus silêncios.


e a tartaruga ganhou a corrida.

gostos

YA: Me fala dos seus gostos Jeanzito. Desembuxa.

Eu: gosto d cinema, boliche, shopping, as vezes gosto de andar só pra olhar as pessoas. gosto de ficar na internet, ouvir musica triste de vez em quando, chorar. ligo pros meus amigos, digo o quanto gosto deles. gosto de gente que tenha coração. que ri, q chora.

gente cujas cicatrizes da vida não tenham lhe levado muito do caráter ou da sanidade. gosto de gente corajosa, que acredita no amanhã, mesmo ele sendo difícil e no amor, mesmo ele sendo improvável. gosto de gente otimista. que tenha ombro pra oferecer ao invés de sermão.

gosto de gente feliz, gente humana. que sente vontade de oferecer um trocado pra um mendigo e nao um bofetão. gente que goste de animais. gente que n seja pao duro (escutei uma vez que quem n é pao duro com dinheiro, n é pao duro com amor).

que tenha família e que essa família tenha ensinado responsabilidade. gosto de gente que aprendeu responsabilidade com a família. gosto de gente que faz carinho, que faz cafuné, que senta no colo de supetão, que faça festa surpresa, que faça uma oração por mim. gosto de gente que acredita em deus, que acredita em mim, que acredita em si mesmo. Gosto de gente que acredita.

Gosto de sentir saudade de quem gosto. Como sinto agora.

Mas Ubatuba é pertinho. risos.

01 janeiro, 2009

vamos embora viver

Essa semana no metrô vi um corpo caído. É estranho ver um punhado de carne imóvel de um lado, muletas do outro. A gente não sabe ao certo se é a vida que estava ao chão, ou se é a morte que estava.

Eu estava atrasado. Não parei. E enquanto dava passos rápidos pra onde devia ir, observei outras pessoas (cujos compromissos não eram tão urgentes ou cujos sentimentos não eram tão engoístas) pararem para erguer o corpo.

O fato é que pensei por um momento: e se fosse eu, ao chão? E se eu caisse duro no caminho pro destino no qual eu tão ansiosamente desejava chegar? Alguém pararia pra me ajudar? E mais: eu merecia que alguém desistisse de todos os compromissos pra me ajudar?

E a resposta foi 'sim'. Acho que eu mereço, que alguém me ajudaria.

E aí a próxima pergunta escapou: se você morresse no metrô, você morreria feliz?

A resposta foi 'não sei'. Me arrependo de pouco que fiz, isso em si é um fragmento de felicidade. Mas ainda existem coisas interessantes que não fiz, coisas importantes que não disse, experiências excitantes que não tive a oportunidade de viver.

Eu choraria por mim no meu velório.

Mas a vida está em mim. Ando de mãos dadas com ela, até quando Deus quiser.

O que acho curioso é como a morte mexe com a gente.

Quem vê a morte, se coloca no lugar dela, se imagina sem vida e é aí que a mente inunda de dúvidas. Quem vê a morte, falece, ainda que por um segundo. É aquela sensação ruim que dá.
Do mesmo jeito que quem vê uma criança nascendo, sente aquela sensação agradável, talvez uma lembrança instintiva do que é se libertar para o mundo.

Mas ainda não morri, não morremos.

Então vamos embora viver.

o que eu quero

nada como o tempo e destino pra trazer pra gente aquilo que a gente quer...