18 fevereiro, 2009

Braços

Às vezes são os pequenos detalhes (sempre os detalhes) que chamam a minha atenção.

Assistindo ao Big Brother de ontem, me senti tocado por um gesto. Depois de anunciada a saída de Emanuel, Mirla chora. Nesse momento, Josi (a pessoa que mais me causa admiração) abriu os braços numa pose de acolhimento e enlaçou os braços em Mirla. O mais marcante foi o rosto da Josi. Ela se doou naquele abraço. Ofereceu braços de conforto para a amiga e mãos de consolo para a amiga.

Não me cativou muito a eliminação do rapaz. Me encantou o abraço da Josi. Talvez porque eu também saiba dar um abraço daqueles. Ou talvez porque aquele é o tipo de abraço que eu gostaria de receber nesse momento.

Isso, ou ela é uma bela atriz e foi tudo ilusão.

Permita-me voltar para minha febre de 39 e meio. Mesmo as febres tem seus lados positivos. A minha traz aos meus olhos as coisas que meu coração gostaria de sentir.

13 fevereiro, 2009

Igreja Parte II

Fui à Igreja segunda-feira. No início da missa, o padre ficou surpreso:

- Mas como a igreja está vazia.

[A partir daqui, pensei mas não disse].

- Não, padre.

- Não o que, meu filho?

- Não está vazia.

- Mas veja, existem pouquíssimas pessoas.

- Não. Olhe ao seu redor, padre. A igreja está cheia de anjos.

Só 1 coisa

"O Amor é só uma coisinha insignificante...assim como o ar".

Homens não rezam - Igreja Parte I

Fui ao grupo de oração aqui da comunidade. Não tinha um homem sequer no grupo, além de mim. Estranhei. Quando achei que tinham aparecido alguns, escobri que eles eram os cantores da missa, não participariam do grupo de oração.

Acabei perguntando.

- Mas cadê os homens desse grupo? Só tem eu?

Ao que uma das mulheres do grupo respondeu:

- "Muitos serão chamados, poucos serão os escolhidos" disse Jesus.

E isso foi um tapa de realidade, no meio da minha cara.

10 fevereiro, 2009

Pensei, mas não disse

Não espere que eu faça tudo que você quer ou tudo que você espera, ou vou sempre ficar te devendo. E quem disse que a sua oração em pé fez mais diferença do que a minha, sentada? Deus ouve os corações mais aflitos, não os corpos mais eretos. Pra alguém tão pecador quanto eu, você me julga de maneira muito cruel.

06 fevereiro, 2009

Tapa de realidade do dia

"A vida por vezes nos fere com nosso próprio amor". Daril Parisi.

Conclusões, vestibular e sexo (No MSN)

- Ai. Nem passei na USP.

- Ah, que pena. Justo você, tão estudioso...

- Pois é. Fiquei meio chocado quando vi que não tinha passado.

- Veja pelo lado bom, agora você pode afogar mais essa mágoa em sexo.

- Como assim? Eu não faço sexo há meses, há anos, milênios até.

- Então tá explicado.

- O quê?

- Foi por isso que você não passou. O sexo ativa neurônios perdidos, já percebi. Sempre fico mais esperto depois que de transar.

- Seu porn!

fim.

05 fevereiro, 2009

Voz e dor

Um blog serve pra muitas coisas. Até pra dar voz a uma dor que não se cala e pra postar palavras que clamam por justiça. Esse blog foi criado por Odele Souza, mãe da Flávia que está em coma há 11 anos, depois de um acidente envolvendo o ralo de uma piscina.

A essa mãe, por querer fazer a diferença, dedico essa pequena homenagem e reitero o orgulho que tenho de permanecer à mesma espécie que pessoas como essa.

O blog Flávia, Vivendo em Coma você encontra clicando aqui.

Da série: Conversas no MSN

- Era melhor mesmo que não existisse (o desejo de traição). O mundo seria muito mais justo com menos hormônios! rs...

- É verdade. Ou com mais consciência.

Chegue a tempo

Gostei muito da nova campanha do metrô de sampa chamada Use Bike (veja aqui) para incentivar o uso de bicicletas nos dias de muito trânsito ou quando chegar o dia do rodízio do carro.

Mas repare no fim do anúncio. Para conseguir o aluguel gratuito da bike é preciso apresentar, além do documento original, "cartão de crédito com saldo disponível de R$350,00". Detalhe: como eles vão comprovar o limite disponível no cartão? Não faço a mínima idéia.

A alternativa para quem não tem cartão é se inscrever no Instituto Parada Vital por uma taxa de R$50,00 (metade do valor é disponibilizada como crédito ao usuário).

Mais informações, no site Instituto Parada Vital. A parceria é da Porto Seguro.

PS: O site do Instituto informa que o valor (de R$350 pilas) "é devolvido após a devolução da bicicleta". Pelo que eu entendi, no momento do aluguel da bicicleta serão cobrados R$350 reais no seu cartão, a serem estornados no momento da devolução (deduzidas as horas adicionais, se houver).

Acho a iniciativa muito válida, o preço da hora do aluguel é bastante acessível (R$2 reais pra chegar no horário e não ouvir a bronca do chefe está saindo de graça, vai?!) e a cobertura já atinge 14 estações do metrô.

Agora, quanto a mim, nem mesmo no dia do trânsito mais caótico, eu iria querer cobranças de trezentos-e-não-sei-quantos reais no meu cartão a torto e a direito. Ah, não mesmo. Eu acho a inscrição no instituto bem mais vantajosa (e bem menos arriscada).

Mas nem sei porquê me importo. Afinal, nem de bicicleta eu sei andar.

Batalha

Na guerra chamada vida ganham não as armas mais potentes, mas os argumentos mais destruidores.

04 fevereiro, 2009

Alcova

Eu, quando morrer, quero doar meus órgãos. Do silêncio do meu túmulo, quero ouvir gritos de viva, gritos de vida. E pretendo estar presente em espírito quando meus olhos permitirem que outros olhos, antes estéreis, enxerguem. Quero ver a expressão nos olhos que vêem pela primeira vez, ou que enxergam pela primeira vez depois de muito tempo.

Quero me emocionar com essa imagem. Tenho certeza que nesse momento chorarei com os olhos que já não possuirei.

E sepultado sob lágrimas de alegria de pessoas que ajudei sem conhecer, quero que seus sonhos realizados tornem-se memórias póstumas da minha vida recém-finda.

Quero minha alcova perfumada de sonhos alcançados.

03 fevereiro, 2009

Entalada

Vi uma menina ficar presa na catraca do ônibus. Que cena horrenda. O fiscal da SPTrans disse que ela ia ter que se virar porque eles não tinham chave de fenda para desmontar a catraca. O fiscal recomendou que ela ficasse na ponta dos pés (erguendo as gordurinhas). Ela protestava. Mas fez o que ele disse e deu certo.

Não sabia se culpava a empresa de ônibus, por suas catracas minúsculas ou a própria moça entalada, que se permitia ter um corpo de grandes proporções.

Decidi não pensar muito no assunto. A moça entalada devia estar se afogando em sua própria culpa e vergonha e a empresa de ônibus devia ter muitas reclamações sobre o tamanho das catracas.

Quando há um problema e o problema é resolvido, não importa de quem seja a culpa. Pelo menos em relação a ônibus e a catracas.

Da série: Tapa de realidade

Essa aqui já foi realidade na vida de todo o mundo. Veja.

01 fevereiro, 2009

Sonho vs Lembranças do passado

Ajudei uma pessoa a realizar o maior sonho de sua vida. Algumas pessoas sonham ter uma casa própria, um carro, um amor - todas coisas difíceis de se alcançar e/ou de serem presenteadas com elas. Essa pessoa não. Ela queria um celular.

Fui entregar o presente a domicílio, pra garantir a rapidez de chegada. Entreguei a sacola. Ela abriu, retirou a pequena caixa e aí meu coração ficou na mão: ela começou a chorar. Derramou lágrimas como criança. "Ganhei o que mais queria. Não acredito, não acredito" era o que dizia.

Fiquei comovido. O celular nem era tudo isso, era dos mais simples: só tinha rádio FM de diferencial. Mas não importava. Pra ela, era o melhor aparelho celular do mundo.

Eu nunca tinha ajudado alguém a realizar um sonho. É sensacional.

Me fez lembrar de uma ocasião, quando eu era criança, em que eu havia pedido de aniversário à minha mãe um video-game Master System. No dia, minha mãe veio se desculpar dizendo que não tínhamos dinheiro pro que eu queria e ela tinha comprado um éle-pê da Xuxa no lugar. Não consegui negar meu desapontamento. Para as crianças, os adultos são as únicas armas pra alcançar seus sonhos. Olhei pra Xuxa na capa do disco, ela continuava a sorrir pra mim, estática. Afeiçoei-me ao presente, conformado.

Mais tarde, durante a festa, depois de cantarmos o parabéns, minha mãe se aproximou de mim com uma caixa enorme, quadrada. Ela não precisou falar. Entregou a caixa a mim, esperando minha reação. Não contive as lágrimas. Chorei como um bebê. Todos tentavam me consolar, tentando entender o que acontecia. Mas era um choro de alegria e esses, ninguém consegue estancar.

Chorei por vários minutos. Levantei. Dei um abraço forte na minha mãe, daquele tipo que você só dá pra pessoa que mais ama no mundo. Ela retribuiu e vi que seus olhos também estavam marejados. Corri pra sala pra ligar o aparelho na tv. Joguei horas seguidas. À noite, depois de todos terem ido embora, minha mãe sentou-se comigo no sofá. É uma das coisas mais agradáveis da terra ter sua mãe sentada ao seu lado te observando jogar video-game, pelo simples prazer de estar ali sentada com você. Convidei-a para jogar comigo. Ensinei os comandos. Ela se deu bem, inventou apelidos para as ações do personagem no jogo. Me diverti muito. Muito mesmo.

Aquele dia ganhei da minha mãe um LP e um video-game. Hoje já não tenho nem um, nem o outro. Nem sequer estou certo de que ainda tenha uma mãe. Mas não importa. Aquele dia, eu soube como é ter um sonho realizado. E só quando fiz o mesmo, pude perceber a intensidade do que minha mãe sentira naquele dia. Não conheço qualquer sentimento que se compare.

Então, com a liberdade de que disponho, faço a ousadia de pedir-lhe duas coisas:

1. Ame a sua mãe. Com suas limitações e defeitos. Ela sempre vai povoar as suas lembranças. Garanta que sejam lembranças felizes.

2. Ajude alguém, em algum ponto da sua vida, a almejar alguma coisa que essa pessoa não consiga sozinha.

Dizem que pouco antes de morrer, nos momentos agonizantes finais, passa na nossa cabeça o filme das nossas próprias vidas. Quando eu estiver assistindo a esse filme, quero chorar lágrimas de felicidade, de emoção. Quem sabe até o homem Jesus não chore um pouquinho também. Quem sabe ele aplauda quando o meu filme terminar.

É...quem sabe.

Pensata

"Ou o amor morre nos detalhes, ou neles se eterniza".